Nasce no centro histórico um viveiro de criatividade !

M. C. Escher

Palácio das Artes – Fábrica de Talentos inaugurado por Cavaco Silva.

Dilatado várias vezes o prazo para a inauguração, é com honras presidenciais que o Palácio das Artes – Fábrica de Talentos abre hoje as portas, no coração histórico do Porto.

Integrar a criação artística com o tecido produtivo é o maior desafio. Inauguração à portuguesa significa, claro, obras até ao último instante e mesmo depois disso. À entrada do edifício que albergou o Banco de Lisboa e, depois, a Companhia de Seguros Douro, no Largo de S. Domingos, já estava firmada a placa com o nome de Aníbal Cavaco Silva, mas muito se trabalhava, ainda, para receber o presidente da República, em nova etapa do “Roteiro para a Juventude”. Naquilo a que se chama “centro de recursos criativos”, o mais importante será lançar pontes entre criadores em começo de carreira e o mundo em que eles, profissionalmente, serão integrados. “A inauguração já é um bom ponto de partida para se sentir o pulsar do projecto”, diz Francisco Malheiro. Gestor do projecto, é o homem mais solicitado por quantos ali andam e corporiza o empenho da Fundação da Juventude, proprietária do espaço, pensado como um ponto de convergência entre os meios académico, científico e empresarial, bem como um foco de revitalização do centro histórico. Entre tudo o que ali vai acontecer (nos ateliês, na galeria ou nas salas multidisciplinares), as “Feiras Francas” funcionam como espaço de mediação entre o Palácio das Artes e o exterior. Carla Rendeiro, que desenvolveu esse projecto aglutinador, lança o conceito “troca justa de criatividade”, explicando que, apesar de o turismo e a divulgação serem vectores essenciais, é a ligação à indústria que mais importa. Nesses eventos, “uma bolsa de projectos” mensal, ideias e criações serão mostradas ao público e a convidados, promovendo-se contactos que poderão levar à viabilização dessas ideias. ”

A inovação e a criatividade vêm salvar as empresas, mas as empresas não sabem como integrá-las”, diz Carla Rendeiro, que, porém, sublinha que o êxito dependerá do financiamento, por mecenas ou pelo Estado. Também a galeria de arte aposta, sobretudo, em abrir portas aos jovens artistas. “Um espaço de experiência artística e criativa”, explica a responsável, Ana Neto. Seja pela mostra do trabalho de jovens artistas, que lhes permita aceder ao mundo do comércio da arte sem a intimidação que constituem as galerias tradicionais, seja pelo enriquecimento dos jovens por consagrados, sejam estes artistas ou comissários de exposições a montar ali.

 O apoio às artes performativas, artesanato, cinema e multimédia, artes plásticas, escrita, literatura, design, património e história da arte, alma do espaço, será complementado, no início de 2010, com uma loja e um restaurante, que contribuirão decisivamente para a ligação ao sector do turismo.