O Auditório de Espinho recebe sexta (dia 28) e sábado (dia 29) o festival Tonalidades, cujo cartaz dedicado a valores emergentes da música nacional tem como uma das principais atracções a música “onírica ou Arte Nova” de Emmy Curl.
É esse o nome artístico de Catarina Miranda, a jovem de Vila Real que, aos 20 anos, revela no seu desempenho como compositora, guitarrista e intérprete aquilo que a organização do festival descreve como “complexidade melódica e intimista”.
A cantora complementa essa descrição, acrescentando que, se pudesse definir a sua música através de “um nome fora da paleta de cores, a palavra seria ‘Onírico’ ou ‘Arte Nova'”.
Essas possibilidades adequam-se, aliás, ao seu pseudónimo artístico, porque se o nome “Emmy” se lhe aplica desde os tempos de liceu, “Curl” foi um sobrenome escolhido a dedo para garantia de consistência: “O caracol é o meu objecto e forma favorita desde que me lembro. Tudo o que as espirais possam significar ou lembrar tem a ver com a minha pessoa e também com a minha música – o onírico, o embalo, o espiritual, a infância, a vida”.
Essas referências delicadas não impedem que Emmy Curl seja “a personalidade exteriorizada de Catarina, talvez o seu lado mais seguro, uma personagem que expressa as inibidas águas de Miranda”.
O reverso de uma e outra tem o seu paralelo no contexto geográfico em que a artista se move, porque se, profissionalmente, ter base em Vila Real é “uma dificuldade, artisticamente é um antro de inspiração”.
Emmy explica: “Quando chego às montanhas não consigo deixar de criar mais uma canção. “Às vezes olho para toda aquela austeridade magnífica e fico imensamente convencida de que ela me escolheu para canalizar a sua beleza, apesar de eu ainda não o conseguir por completo”.
“Há coisas que a nossa mente ainda não consegue perceber, como se a beleza em excesso nos deixasse petrificados”, continua a cantora. “Adorava poder trabalhar com hologramas musicais e conseguir pintar a música com todos os tons daqueles vales”.
Entretanto, Emmy vai criando o possível: da infância trouxe a experimentação no estúdio dos pais, do conservatório preserva o dedilhado da guitarra clássica e o canto lírico, de toda a música que ouve retira méritos específicos, como os que encontra em Little Dragon, Zero 7, José Gonzalez, The Vanduras e Andrew Bird.
As canções foram crescendo, reuniram-se no EP “Ether” e, se há três anos Emmy descobriu a internet, a partir daí o público descobriu-a a ela.
Na sua página do myspace as visitas podem surgir por acaso, mas detêm-se: “Like the rain” já contabilizou quase 3500 escutas, “Sailor” aproxima-se das 5000 audições e “Epiphany” deve em breve chegar às 6000.
Esta sexta à noite, em Espinho, Emmy Curl vai partilhar o palco com “um amigo baixista”. “Metaforicamente, ele vai trazer-me a cama quente de que a minha música precisa quando é tocada só com voz e guitarra”, revela a artista. “Quem for ver o concerto e tiver previamente ouvido as minhas canções, pode esperar a equivalente surpresa”.
O festival Tonalidades realiza-se sexta e sábado à noite no Auditório de Espinho. No primeiro dia o palco cabe a Emmy Curl e Mazgani, no segundo a Long Way to Alaska e Cavalheiro.
(Retirado do DN Cartaz)